Medeia Filmes
Jacques Demy
Ciclo Re-descobrir
Janeiro
2025
Sinopse
Jacques Demy por Jean Douchet
Conheci Demy em 1956-1957, a seguir a ele ter feito O Tamanqueiro do Vale do Loire, e antes de rodar O Belo Indiferente. Foi a partir daí que nos ligou uma amizade duradoura. Gostava muito de o encontrar, de falar com ele. Tínhamos uma grande camaradagem e acho que para A Baía dos Anjos se inspirou um pouco em mim, no meu interesse, digamos “excessivo”, por uma certa época, pelos jogos de roleta e pelos casinos.
Ele tinha uma grande gentileza na sua relação com os outros. Era gentil, mas muito bretão: assim que metia uma coisa na cabeça, não valia a pena tentar que mudasse de opinião! Tinha ideias precisas e não abdicava delas. O que tinha muita força, já que a sua gentileza nos fazia crer que poderíamos influenciá-lo. O que se vê na sua forma de conceber o cinema, de tratar um assunto. E sente-se também: é um cinema feito a partir de a priori muito fortes e que ele trabalha.
Com O Tamanqueiro do Vale do Loire, um documentário admirável, não estava de modo nenhum no espírito dito da “Nouvelle Vague”. Com efeito, ele torna-se incontestavelmente Nouvelle Vague quando passa à ficção com O Belo Indiferente. É verdade que se trata de uma peça de Cocteau, mas ele filma-a escolhendo a opção estética muito Nouvelle Vague de uma peça de teatro filmada enquanto tal, sem procurar fazer uma ficção de cinema. O décor – o papel de parede vermelho, as cores vivas – e a sua artificialidade são filmados como uma realidade. Mesmo se ainda estivesse a experimentar, sentíamos que Demy seria um verdadeiro metteur en scène que imporia, suavemente, é verdade, um imaginário e um estilo próprio. Mas ainda estávamos longe de imaginar que um dia ele faria de uma cidade o décor de As Donzelas de Rochefort, fazendo repintar 40 000 m2 de fachadas!
Eu disse algures que Demy era “o mais metteur en scène dos metteurs en scène franceses” do seu tempo. Ele está, de facto, próximo de Minnelli, e partilha o mesmo interesse pela oposição entre o sonho e a realidade, o décor como emanação tanto do sonho como da realidade. Com A Princesa com Pele de Burro, o Tocador de Flauta, Lola ou As Donzelas de Rochefort, tal como Minnelli, está no domínio do encantamento, do maravilhoso. Mas o cinema de Minnelli trabalha o domínio do fantástico próprio do romantismo do séc. XIX, isto é, a ideia de um mundo que existiria ao lado ou do lado de lá do real, e que vampirizaria mesmo o real. Demy interessa-se mais pelo maravilhoso como era concebido no século XVII, um maravilhoso fabricado pelo homem, pelas suas máquinas. Este maravilhoso, é também a maquinaria do mundo, os carrosséis de feira que se instalam no início de As Donzelas de Rochefort por exemplo, como a maquinaria do cinema, os movimentos de câmara, dos travellings ou de grua, a maquinação dos décors e das suas cores. É também o maravilhoso das intrigas, as maquinações dramáticas à base dos acasos e dos encontros. Nos dois casos, Minnelli e Demy, o cinema assenta sobre o espetáculo.
Info sobre horário e bilhetes
Sáb
18.01
15:30
18:00
21:30
Dom
19.01
15:30
18:00
21:30
Sáb
1.02
18:30
Dom
2.02
18:30
Informação adicional
- Preço
5.50€
Acessibilidades do espetáculo
Texto biografia autores
18/01 sáb
15h30 – A princesa com pele de burro (1970 – 1h29 | 12+)
18h00 – Os chapéus de chuva de Cherburgo (1964 – 1h31 | 12+)
21h30 – As donzelas de Rochefort (1967 – 2h00 | 12+)
19/01 dom
15h30 – Lola (1961 – 1h25 | 12+)
18h00 – Um quarto na cidade (1982 – 1h32 | 12+)
21h30



